sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

PERSONAGEM AUTOCRATA

Por MMendes
Ao lado da realidade,
na vida em tomos,
representamos quem somos,
fingida personalidade.

Num roteiro suicida,
Um personagem demente,
Domina toda vida,
do ator insipiente.

Com atrocidade nos mata,
Perseguindo a vitória,
personagem autocrata,
escreve sua estória.

Loucura sem igual.
A criatura repleta,
numa cena anormal,
a vida do artista interpreta.

O ator inconformado,
brada ao personagem:
- Sou eu que te interpreta,
e não interpretado.

Pela cria amordaçado,
É relegado o pedido.
No corpo encarcerado,
de viver está banido.

Na prisão solitária,
quem visita é a tristeza,
que apesar da feiura,
o artista vê beleza.

Do cárcere não há escape,
só mesmo conformação.
Não há lugar para o ator,
na vida de encenação.

Em pensamento fugiu,
pra ver estrelas no céu,
Reparando refletiu,
é pintura painel.

Tudo era irreal,
tanto os homens quanto as flores,
as alegrias e as dores,
partes de um contexto virtual.

Ficou aborrecido,
num canto encolhido
sem saber o que fazer,
sentindo o coração padecer.

Carecia de realidade,
de um amor de verdade,
um abraço, um calor,
de um gosto, um sabor.

Definhado em seu porte,
num final arrepiante,
escrito naquele instante,
um amor acenou-lhe forte.

Parecia real sua sorte,
tinha ela olhar brilhante,
lindo corpo provocante,
e assim foi-se com a morte.

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