domingo, 31 de agosto de 2014

Pássaros no quintal

PÁSSAROS NO QUINTAL
*MMendes
Assobiava seu dobrado
gorjeando em seu altar 
na árvore, perto do sobrado
alaranjado sabiá,
enquanto canários 
disfarçados entre pardais,
trinavam sem parar.
Do briguento bem-te-vi
ninguém podia se aproximar.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Olhos para luz



OLHOS PARA LUZ

Oh meu Jesus de Pirapora, 
se sabemos 
que a morte é inexorável, 
de onde vem 
o desejo ardente de viver 
que em nossa alma vigora? 
Se cerrar os olhos 
no breu da noite fúnebre 
é tão natural 
por que persistimos 
em contemplar 
o assomar da aurora? 
É que a morte é terrena 
e a vida é divina, 
oh Madalena. 
Os olhos se abrem a luz 
enquanto a alma imorredoura 
que com a vida pactua
sua força revigora.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Partida

PARTIDA
*MMendes

Meu amor
parti sem me despedir
é que eu não sabia
que hoje seria o dia
que Deus me levaria.
Ouvi você pedir que eu não o deixasse.
Não dei o beijo da despedida
nem o abraço da saudade.
Não é que eu não queria
apenas não tive tempo. 
Meu amor
a vida quis assim
o meu amor em ti
o teu amor em mim.
Na hora em que parti eu entendi
que era nosso coração
quem se partia.
Mas não fique triste
o amor é mais forte que a morte
e não há nada que nos separe

O movimento do tempo



O MOVIMENTO DO TEMPO
*MMendes
Primeira versão:

O tempo é sorrateiro. 
Mudei sem perceber. 
A altura, 
o rosto, 
o corpo, 
o cabelo, 
as marcas de expressão, 
a miopia. 
Quando notei 
eu era outra pessoa. 


Segunda versão:

O tempo é sorrateiro. 
Mudei sem perceber. 
A altura, 
o rosto, 
o corpo, 
o cabelo, 
as marcas de expressão, 
a miopia. 
Quando olhei no espelho
me assustei:
- Quem é esse ai?

Terminar onde comecei

TERMINAR ONDE COMECEI
*MMendes


Antes de tudo 
eu não era nada. 
Fui bruma 
que se tornou espuma, 
sussurro de amante, 
multiplicação febril. 
Fui movimento 
incontrolável, 
células desesperadas 
em querer ser alguém, 
criar olhos para ver, 
ouvidos para ouvir, 
mãos para agarrar, 
pernas e pés 
para fazer 
meu próprio caminho.
Fui gerado, 
tive fome, 
tive frio, 
tive medo, 
fui amado, 
abraçado 
amei.
Fui filho, 
nas asas do tempo
voei. 
Me apaixonei.
Me tornei homem, 
marido, pai, 
trabalhei, 
suei, sofri, corri . 
Caminho ao encontro 
do céu e da terra, 
miragem da estrada
ainda não cheguei.
Sou movimento 
desacelerado, 
células esperançosas 
em ser alguém, 
tomar meus sonhos,
firmar as pernas
no destino
de ser findo,
espuma,
tornar a ser bruma
terminar onde comecei.

domingo, 3 de agosto de 2014

Crer ou não crer

CRER OU NÃO CRER

Crer ou não crer 
eis a questão da verdade.
Sou eu a própria realidade.
E que realidade eu sou?
Sou aquilo que quiser
Se o tempo permitir
Se souber para onde vou.