quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Estatizado


ESTATIZADO

Fui estatizado!
Sou só ofício
sou só jurisdição
sou só trabalho.
Não tenho amigos
nem ambição.
Sou só despacho
sou inquirição
não tenho família
nem filhos.
Sou só sentença
sou só tarefa
não tenho tempo
para amizades
nem diversão.
Meu subsídio
comprou minh'alma
e paga o aluguel
dessa prisão.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

O dia que perdi

O DIA QUE PERDI

O dia se foi
não vi o sol, 
nem vi a lua.
Quando notei
a noite caiu
cobriu a rua.
Uma tristeza!
O dia se foi
não pude ver
nem me despedir.
Mas deixou
seu efeito
residual.
Sem ao menos
ver o sol
ou a lua,
assim mesmo
Envelheci.

sábado, 26 de outubro de 2013

Plataforma viva



PLATAFORMA VIVA

Pintei a cena 
na mente
usei a paleta 
da iris
as cerdas 
os cílios dos olhos. 
Pintei a vida 
em que moro, 
As ruas, as casas,
alegrias e dores. 
Estou em dúvida: 
com que 
gama de cores
pintarei 
meus amores?

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Infância perdida

INFÂNCIA PERDIDA

Eu não sabia 
brincar.
Eu não sabia
chorar,
nem sorrir.
Escravizei
minhas mãos.

Calejei.

Eu não queria
gritar,
pois sabia
que ninguém
ouviria.
Eu nunca fui
criança,
não guardo
lembrança
daquilo que
quero apagar
da vida do
meu país.

O que vou ser?

O QUE SEREI?

Olhei para 

o alto
vi passarinhos
voando
nuvens brincando
no céu.
Sorri sem querer
veio da alma.
Quando eu 
crescer
quero ser 
passarinho.
Pode ser
nuvem também.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Precisamos tempo

PRECISAMOS TEMPO

De repente
o tempo parou
para que eu
pudesse notar
que a vida
não é só trabalho
bater asas
planar.
Precisamos
de tempo para
repousar
meditar 
contemplar.

Eu tenho alguém

EU TENHO ALGUÉM 

Descobri que 
não estava sozinho.
Eu tinha alguém
semelhante a mim
quiçá caído 
das mesmas mãos
que semearam
minha vida
no jardim.

Brotou algo 
diferente,
fiquei 
tão contente.
Quem poderia 
imaginar?
Eu tenho 
alguém
semelhante a mim
alguém em quem
me espelhar.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

O príncipe abandonado


O PRÍNCIPE ABANDONADO

A menina sonhava 
com o principe negro
da roseira plantada
no fundo do quintal.
Como tudo na vida 
a menina foi-se
levando na memória
aquela fragrância,
deixando a tristeza
morando junto 
da rosa.

Ave de rapina

AVE DE RAPINA
 
A Deus
sempre roguei
que me levasse
ao céu.
Eu que vivia
no mar
da multidão
pedindo
em segredo:
- Escute minha oração!
Finalmente chegou
o dia do fulgor
e fui assim
levado pelo
pescador de homens
nas asas 
do mensageiro
do Senhor.

Esperança

ESPERANÇA
A Esperança
é lembrança
do provir,
aguardar
a novidade
com certeza
que há de vir.
Esperar
é abrir espaço
no coração
para fazer
aquilo que é
sobre o manto 
da noite
deixar de ser
tão logo
amanheça,
tendo a certeza
do amanhecer.


Ondas de realidade


ONDAS DE REALIDADE
 
Olhar perdido
no horizonte
vejo ondas do mar.
São ondas em mim
fios de imaginação
binários, trinários
cruzando-se entre si,
tisunamy de pensamentos.
Parece real,
mas na vida
tudo é relativo,
um desdobramento
da mente.
Tudo é pura ilusão
há infinitas realidades
múltiplos sentidos
tudo é figurativo.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Livro da vida

LIVRO DA VIDA

Nas folhas
da vida
as vezes 
sinto que
rabisquei, 
rabisquei
quase nada 
escrevi.
Algumas 
passaram branco
revelando dias 
em que de viver
me esqueci.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

O passado não passou

O PASSADO NÃO PASSOU

O passado 

me envolveu
me beijou, 
abraçou
depois 
foi embora
sem dizer 
adeus.

Me restou
apenas
um fragmento
de imagem
presa na 
retina
que guardei
cuidadosamente
na memória
mais duradoura.

chorei. 

Por que se foi 
assim tão cedo
quem me ensinou
a crer,
agora
que estou 
pronto para
te amar?

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Quietude

QUIETUDE

Emudeci
na quietude
me calei
para não dizer
o que não sei
o que não há
dentro de mim.

Fiquei assim
sem palavras
sem vocábulo
que me pudesse
exprimir.

Me esvaziei
dos outros
percebi que
sobrou pouco 
de mim.

Curvas mal vividas

CURVAS MAL VIVIDAS

Me perdi 
na curva 
acentuada.

Quando virei
já não me vi.

Procuro-me
pelos lugares
onde andei
onde estive
e não vivi.

Quem sabe 
num desses nós 
da vida
me desviei
me distraí.

Por mares não navegados



POR MARES NÃO NAVEGADOS

Preciso rever os textos
que eu mesmo escrevi
acho que das vírgulas
eu me esqueci

Preciso reler  a vida
dar novo significado
colocar tampa no poço
enterrar de vez
os pecados

remodelar as lentes
com que vejo a vida
dar colorido
àquilo que é cinza
dolorido

redesenhar o veleiro atracado
e içar velas aos mares
que nunca foram navegados

Rejeição

REJEIÇÃO

De onde vem 
esse vazio?
prá onde vou 
quando ele vem?
Só sei que fico
sozinho, 
sem mim
nem ninguém.
Um sentimento 
alijado
que sofre calado
o vazio
que guardei.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Chuva de solidão

CHUVA DE SOLIDÃO

Estive olhando 
o céu 
esta manhã. 
Observava 
as nuvens 
se enrolando 
suavemente, 
como meus sonhos 
que se juntam 
e se desfazem, 
levados 
pelo tempo 
que branqueia 
meus cabelos. 
O céu 
ficou carregado 
e a chuva 
molhou meu rosto, 
confundindo-se 
com lágrimas. 
Senti 
a solidão 
congelando 
até a alma.

A luz do coração

A LUZ DO CORAÇÃO

Se a esperança
fosse alimento,
eu estaria 
passando fome.
Não há 
o que contente
o amor sendo
impossível.
Não há 
o que conforte
se o amor 
está ausente.
Quando o amor 
se apaga
o coração caminha 
às escuras.

Quebração

QUEBRAÇÃO

Como ondas do mar
encontros 
desencontros
tempestuosos
as vezes serenos

Vou me retirando
do teu alagado
seco ao sol
das amarguras

são as tempestades
que nos separam
Emoções vem e vão
como quebração

Despedaçado 
em grãos 
de areia
não temo 
a magnitude
das águas

água e areia
embora convivam
não se misturam





Dinheiro não traz felicidade

DINHEIRO NÃO TRAZ A FELICIDADE

Por Guilherme Benvenuto Mendes

Valdemar vagava desacompanhado por pacata cidade Rancharia do Sul. Ele vira a esquina e se depara com uma lojinha com uma placa muito chamativa: “Vende-se bilhetes lotéricos premiados”. Valdemar encontra-se com Toninho do Burro, o dono da loja e lhe pede uma explicação.

- Nesse domingo passado fui à missa, onde rezei muito para melhorar de vida e, quem sabe, ganhar muito dinheiro. Nesse dia resolvi ficar um pouco mais até após o término da missa e a retirada do padre. Terminando minhas orações fui até a caixa de madeira do dízimo fazer minha oferenda. Na caixa havia um buraco, onde vi o bilhete premiado, ao qual interpretei como um presente divino. Afinal quem seria o louco de doar um bilhete?

Valdemar solta um grito de exclamação e pergunta:

- Quanto custa o bilhete?

- O premio é de um milhão, mas antes de ir à missa, me envolvi em uma briga de galo e apostei mais do que deveria. Se eu não pagar até amanhã, corro risco de morte. Por isso, vendo o bilhete por apenas 500 reais.
Valdemar, compreendendo a situação, decide comprar o bilhete. Toninho agradece e diz estar sendo vigiado o dia todo por causa da briga de galo. Que agora poderá descansar tranqüilo.

Valdemar vai à cidade mais próxima. Ao chegar lá, mostrou o bilhete ao dono da lotérica que chamou a polícia. Valdemar foi preso, sob acusação de ser o famoso falsificador de bilhetes premiados.

Paz interior

PAZ INTERIOR
Por Guilherme Benvenuto Mendes

Noite fria. Observo o movimento dos barcos e as luzes no porto distante. O vento carrega algumas folhas na calçada deserta. Sentado no banco da praça, penso em estrelas. O tempo era agradável, céu limpo, cheio de estrelas, a lua cheia.

De repente fui tomado por um espírito de aventura. Enquanto observava as estrelas, escutei um barulho no meio do bosque. Rumei em sua direção por um caminho escuro.

No meio do caminho me deparei com uma árvore de beleza descomunal, alta, repleta de frutos e emitindo uma grande iluminação. Havia algumas pessoas ao seu redor trajando roupas esquisitas e aparentando estarem em grande paz consigo mesmas. Parecia uma espécie de dança ou ritual, a festa devia estar no seu ápice.

Repentinamente, começa a chover, interrompendo a cerimônia. Todos se agrupam ao redor da árvore e passam a emitir uma luz semelhante à dela. Nesse momento, as pessoas se transformam na imagem de uma pomba branca, que levanta vôo e viaja rumo ao oceano, deixando um rastro de brilho, enquanto subia lentamente até o céu, até que eu a perdi de vista. Eu me sentei próximo da árvore e entrei em sono profundo. Quando acordei, já era manhã; não havia mais pessoas e nem árvore. Mas eu senti uma paz muito grande. Contente, fui de volta para casa.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Prisioneiro



PRISIONEIRO

Não busco 

liberdade alguma

sendo prisioneiro

do teu amor.

Não desejo nem a vida,

quero morrer em teus braços.

Não mereço 

os louros da vitória,

se me olhas

eu me rendo.

Pessoas

PESSOAS

Há pessoas
que vão
sem nunca
ter partido

Há pessoas
que ficam
sem nunca
ter chegado

Há quem chegue e fique

trabalhe a terra
espalhe sementes
aspirja o jardim
desabroche flores
enriqueça o solo

sem nunca
ser visto
sem nunca
ser notado

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

O sal da vida

O SAL DA VIDA

Quando 
a tristeza
toma conta,
quando tudo
perde
o sentido,
a solução
brota 
da alma
deságua
pelos olhos
salga 
a boca,
professa
ao coração:
- O que será
da vida
se perder
o seu sabor?