sexta-feira, 31 de março de 2023

O Milagre

 O MILAGRE

31/03/2023



O pai de Márcio era um viúvo de oitenta e seis anos e estava gravemente doente. Embora sempre tenha apresentado boa saúde, passou a convulsionar várias vezes sem um diagnóstico médico conclusivo.

Márcio morava numa cidade distante e foi avisado pela cuidadora que seu pai estava internado no Hospital Nossa Senhora das Graças. Diante da grave notícia, após desmarcar todos os seus compromissos e executar algumas providências, saiu em viagem para acompanhar de perto o tratamento do pai.

Durante a viagem comentou com sua esposa que fez um pedido à sua avó paterna para que o ajudasse e intercedesse pelo filho debilitado. Sua esposa estava digitando no celular e o corretor ortográfico corrigiu a palavra “progresso” para “Anita”, o nome de sua avó paterna. Foi como um sinal de que suas preces haviam sido atendidas.

Depois de 6 horas de viagem de carro, chegou ao hospital. Seu pai estava semiconsciente, períodos consciente e períodos inconsciente. Em um curto período teve umas quatro convulsões. 

A suspeita era de um problema neurológico, que levou o neurologista a prescrever anticonvulsivante. Mas, o remédio não estava dando resultado.

Num momento de consciência, crendo que estava à beira da morte, com muita dificuldade na fala, o pai fez um pedido à Márcio: “Prepare minhas coisas filho, acho que vou para um lugar que não quero ir”.

Mário colocou suas mãos sobre a cabeça de seu pai e em silêncio fez a oração Magnificat, onde Maria mãe de Jesus louva a Deus agradecendo as maravilhas que Deus fez em sua vida. No término da oração, pediu com a força do coração:

- Senhor, faça aqui uma de suas maravilhas.

Nesse mesmo instante o médico cardiologista abriu a porta com alguns equipamentos e passou a analisar o marcapasso que o paciente utilizava. Após alguns minutos percebeu que o marcapasso estava com mal funcionamento. Durante as falhas do marcapasso o coração do paciente parava de bater por alguns segundos, fazendo cair a pressão sanguínea e faltar oxigênio no cérebro,  causando como que uma pequena parada cardíaca, expressão de dor, espasmos e perda de consciência momentânea. 

O médico reprogramou o marcapasso e no mesmo instante as convulsões cessaram, o semblante do doente mudou para melhor da água para o vinho, revelando que o milagre aconteceu.  

Em seu coração, Márcio sabia que não era uma coincidência o médico chegar ao final da oração e em minutos encontrar a cura que há dias não se encontrava. Ainda mais, pelo sinal de que sua avô Anita estava cuidando de seu pai no outro plano da existência.

Com lágrima nos olhos proclamou em sua alma: “Agora eu posso cantar ao lado de Maria, que o Senhor também fez em mim maravilhas”.

Márcio testemunhou extraordinárias coincidências para serem só coincidências. Alguém que nos ama, mesmo que esteja invisível aos olhos, escondido atrás das cortinas do palco do teatro, está cuidando do show da vida. Deus é o escritor da história e Diretor do nosso destino. E melhor, Ele nos ama como ninguém.


quinta-feira, 30 de julho de 2020

A VIDA É BREVE



A vida é breve 

nem me atrevo a piscar 

pois num piscar de olhos 

se vão muitos para lá 

nem me atrevo dizer morrer 

não quero a morte invocar 

deixe-me cá viver 

todos os anos, dias, horas, minutos 

o tempo que me restar

sábado, 23 de março de 2019

PABLITO, o que cabe no meu mundo




PABLITO, o que cabe no meu mundo

*Por Marco Mendes

Pablito dirigiu uma pergunta a todos os que estavam na varanda da casa do vovô:

- O que não cabe no seu mundo?

- O que não cabe no meu mundo é preguiça! Respondeu ele ao seu próprio questionamento.

- E o que cabe no seu mundo? Perguntou-lhe a vovó.

Então o menino respondeu:

- O que cabe no meu mundo é o amor.

A técnica da pergunta exige que a pergunta seja feita antes de designar-se alguém para a resposta, assim como fez Pablito, para não liberar os outros da necessidade de ouvir a pergunta.

Saber perguntar é uma das habilidades mais importantes, pois as perguntas são as portas estreitas que nos levam a horizontes abertos de novas verdades. Pablito utiliza técnicas de um mestre!

O psicanalista Carl Jung afirmara que “todos nós nascemos originais e morremos cópias”, porque muitos perdem a sua identidade no decorrer de sua jornada. A pergunta de Pablito era profunda, pois queria saber que coisas deixaríamos entram pela porta do nosso mundo e fazer morada em nosso coração. Aos cinco anos de idade o netinho parece saber que determinadas coisas que permitimos entrar em nosso ser têm o poder de destruir-nos, e só estaremos protegidos se o amor fizer morada em nosso coração.

Pablito já aprendeu que onde o amor entra, não sobre espaço para a maldade. Onde reina o amor, só há espaço para a felicidade.

Obrigado Mestre Pablito, por lecionar o amor em cada canto desta casa.

sábado, 26 de janeiro de 2019

PABLITO, tempo não é dinheiro






PABLITO, tempo não é dinheiro

21 de janeiro de 2019

Por Marco Mendes


A Lívia, amiguinha do Pablito veio visitá-lo. Entraram correndo em meu escritório e me provocaram a brincar de pega-pega.

- O vovô não pode brincar agora. Respondi.

- Por que não? perguntou a amiguinha.

- Porque eu estou trabalhando.

- E para que você tem que trabalhar?

- Para ganhar dinheiro! Respondi de maneira rápida.

- Ah, já sei. Deve estar rico! Finalizou a espirituosa menina. Ou seja, tem tanto trabalho que não tem tempo para brincar.

Não sei porque crescemos e desaprendemos a viver a vida. A sabedoria das crianças é a prova de que a simplicidade está na essência de toda sabedoria.

De fato, Lívia tem razão: Tempo não é dinheiro. Na realidade são riquezas distintas. Embora o dinheiro seja importante para os adultos, porém em qualquer idade o tempo é muito mais valioso que o dinheiro. Renato Russo já disse, em outras palavras, que tempo é vida, porque todos os dias quando acordo, percebo que estou um pouco mais pobre, pois não tenho mais o tempo que passou.

Para uma menina colombiana chamada Ana María Noreña, de 12 anos, dinheiro é uma “coisa de interesse para os outros com o qual se faz amigos e, sem ela, se faz inimigos”. Sabedoria que nos ensina que a verdadeira amizade não está alicerçada no dinheiro.

Os adultos pensam que para conversar com uma criança devem descer ao nível deles. Mas a verdade é o contrário. Na presença de uma criança devemos nos esforçar para ficar à altura dela.

Adultos que somos, aprendemos que não podemos viver de brincar, apenas. É preciso trabalhar, produzir, auferir dinheiro para subsistir. Sem nos esquecer, contudo, que tudo tem seu tempo. O escritor russo Leon Tolstói disse: “A sabedoria com as coisas da vida não consiste, ao que me parece, em saber o que é preciso fazer, mas em saber o que é preciso fazer antes e o que fazer depois”.

Definitivamente a vida não é só trabalho, não é só ganha pão, não é só feita de obrigações de subsistência. É preciso sobreviver, no sentido de não exaurir todas nossas energias com o trabalho. É necessário permanecer vivo antes e depois do trabalho, para que o tempo não leve nossos dias, antes que possamos brincar, rir muito, confraternizar, amar, evoluir, contemplar a beleza da vida, descobrir e gozar aquilo que a vida tem a nos oferecer.

Obrigado Lívia e Pablo. Quando eu crescer quero ser assim como vocês.

terça-feira, 16 de outubro de 2018

PABLITO, ALMA NOBRE



PABLITO, ALMA NOBRE 

* Por Marco Mendes 

19/03/2018 

Em pé, aquele pitoquinho de gente abraçou o vovô na altura das pernas:

- Vovô, eu quero agradecer tudo o que você fez e o que você faz por mim. Eu te amo muito e muito. Vou te amar mesmo depois que você morrer.

O amor é mesmo mais forte que a morte. Pois quando morre o ser amado, o amor que sentimos continua vivo!

Fiquei pensando, o que Pablito saberia de fato que eu fiz a ele que mereceria um agradecimento? Como pode um ser tão jovem como Pablito já ter desenvolvido um sentimento tão nobre e elevado como o da gratidão?

Depois de refletir um tanto, cheguei a conclusão de que a força das orações da noite que o vovô e a vovó fazem na presença de Pablito, antes de dormir, nutre naquela alma pequenina com valores de família que recebemos de nossos pais e avós. Nessas orações agradecemos a Deus por tudo o que nos concedeu durante o dia, agradecemos às pessoas estiveram conosco, agradecemos a família, os filhos e o neto.

Como todos os outros valores, se ensina a agradecer com o exemplo, ensinando para as crianças as nossas próprias ações de agradecer. Mas, a verdadeira gratidão não deve ser um mero condicionamento social, um mero protocolo a ser cumprido, meras palavras decoradas: Obrigado! De nada.

A gratidão verdadeira é aquela que nos leva a agradecer tudo. Quem é agradecido tem um sentimento de pertença à toda vida que o cerca, jamais um sentimento de posse ou propriedade. Quanto mais exercitamos a gratidão, maior será seu significado em nós.

De manhazinha, quando a vovó leva Pablito para a escola, vão cumprimentando tudo o que há pela frente: Bom dia sol! Bom dia dona árvore! Bom dia nuvem com cara de camelo (disse Pablito). E cumprimentando a vida vão assim agradecendo por ela. Clarice Lispector parece resumir tudo isso numa frase: “E então eu soube: pertencer é viver”.

A felicidade está ao alcance de todo aquele que se entrega à vida com gratidão, mas foge para longe dos ingratos. Como disse o artista plástico John Miller, "o quão feliz é uma pessoa depende da profundidade de sua gratidão". Se depender disso, Pablito já é uma pessoa feliz. E nós mais felizes ainda, por ter um anjinho desse em nossa casa.

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

PABLITO, o cupido

PABLITO, o cupido.
*Marco Mendes


Pablito é filho único e, em algumas situações, carece de companhia para suas brincadeiras. Isso fez com que Pablito se aproximasse do titio que, em face dessa grande amizade, passa horas jogando videogame com o sobrinho. Certa vez, enfatizando isso Pablito afirmou com bom humor:

- "De todos eu gosto mais do tio Guilherme, mas pêssego ninguém supera". Criança tem cada uma.

Em outra ocasião, Pablito desabafou:

- Eu não quero que o titio se case nunca!

- Por que Pablito?

- Se ele casar ele vai morar em outra casa e eu não vou mais jogar videogame no quarto dele.

Mas, passados uns minutos Pablito repensou o assunto:

- Pensando bem, vovó, seria até bom que o titio se casasse. Assim ele poderia ter um filho que seria meu amigo.

Recentemente Pablito descobriu que o titio arrumou uma namorada, mas queria ter certeza se era namorada mesmo.

Então começou a fazer um rol de perguntas ao titio:

- Titio aquela moça que você está saindo é sua namorada?

- Sim Pablito, é minha namorada.

- E o que você fica fazendo com ela?

- Eu fico assistindo filme, jogando videogame, conversando.

- E o que mais? Então o titio sorriu e fez silêncio.

- E o que mais? Me diga?

- Você beija ela na boca também?

Fico aqui pensando com meus botões: Acho que Pablito está torcendo por um novo amigo.

PABLITO, a cura do amor ferido

PABLITO, a cura do amor ferido.
*Marco Mendes


Ao entrar no carro de volta da escola, vovó perguntou ao Pablito o que havia aprendido naquele dia. O menino respondeu:

- Descobri que o abraço e o beijo são a cura do amor!

- Você aprendeu isso na escola?

- Não vovó, eu estava lá no “play” e foi minha cabeça que pensou isso.

Os seres humanos possuem dimensões invisíveis que quando feridas apagam todos os sentidos, inclusive o da vida. Perdemos a capacidade de ver as cores, de ouvir o canto da felicidade, de sentir a própria alma, de inalar o perfume da alegria. As manhãs, as tardes e as noites perdem seus encantos. Desaprendemos a contar os dias à espera da chegada da felicidade. Nos esvaziamos dos outros, ficamos a só. E quando o espírito padece, o corpo adoece. Então necessitamos de cura. E quão grande é a procissão a pedir a cura do corpo e da alma, canta Roberto Carlos.

“Quando o amor está ausente, a nossa vitalidade hiberna.O amor é o verdadeiro despertador dos sentidos”, disse Padre José Tolentino Mendonça em seu livro 'A Mística do Instante'.

Mário Quintana diz que “o amor é quando a gente mora um no outro”, e com certeza entramos nessa morada pelo abraço e pelo beijo. “Me abrace, que no abraço mais do que em palavras, as pessoas se gostam”, professa Clarice Lispector. O beijo nunca é apenas um beijo... George Sand, importante novelista francês do século 19 dizia que "o beijo é uma forma de diálogo”.

As crianças possuem mesmo livre entrada no Reino dos Céus. Aí está a razão da vovó ter ficado tão admirada da descoberta do netinho. Tão jovenzinho, ao lado de grandes poetas, pensadores e espiritualistas, Pablito já conhece o poder de cura do abraço e o beijo.

Acho que a volta do Salvador vai ser assim, aos poucos, quase imperceptível, de dentro para fora, fluindo do espirito humano para o mundo, da palavra bendita para a vida. Assim como o brotar manso e suave de uma sementinha que desabrocha no coração das crianças, a salvação do amor ferido neste mundo virá pela cura calma e serena do beijo e do abraço.