segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A VIDA É MOVIMENTO


A VIDA É MOVIMENTO

- Preste atenção em todos os movimentos. Disse-me a voz.

Olhei para o volante do carro e percebi que o movimentava levemente ao tempo em que afundava o pé no acelerador. Percebi o carro em movimento, olhei para frente e vi outros carros em movimento. Em seguida fui arrebatado e conduzido para um estado mental extraordinário, que facilitava meu deslocamento no espaço.

Ao ingressar no mato que delineava a estrada vi insetos voando, as folhas dos eucaliptos balançavam. O vento sacudia as moitas de capim. Em seguida deslocou minha visão e vi os insetos que moviam-se por debaixo da terra, as bactérias. Me aprofundou um pouco mais e vi o magma em movimento, as placas tectônicas, as mares e o movimento dos rios, seus peixes nadando. Levou-me à superfície e vi o pó da estrada sendo levado pelo vento, a chuva que caia, as nuvens que se embolavam no céu. Voando até o alto, ví o vento solar lambendo a estratosfera da terra, a luz emitida pelo sol se espalhando pelo universo, o movimento dos planetas, rotação, translação, revolução, o movimento das galáxias. Para dentro da matéria vi os átomos em movimento, o pensamento em movimento, os sentimentos, o tempo em movimento, etc. Meu espírito se encheu de espanto e exclamei:

- Não há nada que exista que esteja parado, tudo está em movimento!

- A vida é movimento. Continuou a voz.

- Até o grão de areia que o vento levava? Perguntei.

- Sim, até o grão de areia levado ao vento. Respondeu.

- Deus criou tudo o que existe. Ele é quem colocou tudo em movimento, o motor primeiro. Deus se pôs em movimento e colocou vida em tudo o que existe. A vida é movimento. Tudo que se move está vivo, carregando a vida que o Criador lhe deu.

Voltei para a estrada, ainda estava no banco do motorista dirigindo meu carro. A voz silenciou-se e minha mente começou a debulhar tudo aquilo. Meus sentidos estavam aguçados, sentia o coração bater, a respiração, os menores movimentos que me eram permitidos perceber. Acho que percebia até mesmo o sangue fluir e as células se moverem. Sentia a vida que me rodeava. Via a vida em movimento, ao mesmo tempo que o movimento a tudo transformava, retirava do lugar, modificava.

- Vida é transformação. Continuou ela a me falar.

Não era uma voz externa, mas uma voz interna. O mais engraçado é que a voz parecia sempre vir do lado, como se o locutor estivesse à minha direita.

- O quanto de vida você coloca em tudo o que faz?

Naquela dimensão mental uma simples pergunta era de profunda complexidade. O quanto eu era capaz de transformar a realidade? O quanto eu colocava de vida no trabalho, em casa, na relação com os outros?

Como, sob sujeição da vida e de seu movimento, eu poderia ser movimento novo para essa mesma realidade? Como eu poderia alterar a realidade se sou conduzido pela própria realidade que me cerca e não condutor dela?

Sentia-me insignificante diante da grandeza da vida e do poder que exercia sobre meus sentimentos e pensamentos. Silenciei-me, precisava pensar a respeito.


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