terça-feira, 21 de junho de 2016

Pablito, o palavrão


PABLITO,  O PALAVRÃO

*MMendes


Outro dia Pablito apareceu com um palavrão feio na boca.

- Pablito onde você aprendeu isso? Essa é uma palavra muito feia. Repreendeu vovô.

- Essa palavra é feia vovô?

- Sim, é muito feia.

Então Pablito tentou arrumar um jeito de falar a palavra sem reprovação…

- Vovô?

- O que foi Pablito?

- @#%* é mesmo uma palavra feia, né vovô?

Então vovô o interrompeu dizendo:

- Pablito! Essa palavra é tão feia que não pode pronunciá-la de jeito nenhum. Se quiser se referir a ela diga apenas “aquela palavra”, mas não diga seu nome! A criança ficou olhando vovô sem saber qual a razão daquela palavra ser tão feia. Afinal, ele nem sabia seu significado.

- E garela, posso falar garela?

- Sim Pablito, garela pode falar.

- Que garela… que garela… que garela. Disse o guri compulsivamente. Só por Deus!

As crianças são grandes manobreiras e inventoras de palavras. Reescrevem as leis da gramática fazendo suas próprias regras. Dão significado àquilo que não existe e podem dizer palavras que nunca foram ditas. Com suas palavras novas e inventadas desafiam nosso pensamento a cada dia. Arrumam e desarrumam palavras até que possamos lhes dar algum significado.

Pensando bem, as palavras são só representações simbólicas daquilo que expressamos em nosso ser. O que verdadeiramente fala em nós são nossas intenções, nossos pensamentos, nossas emoções, nossas ações. Um autor desconhecido já disse que todas as palavras são mentirosas, até que as atitudes provem o contrário.

Depois de um tempo vovô perguntou ao Pablito o que significava “garela”. Com a inocência própria das crianças ele respondeu:

- É apenas uma palavra bonita, uma palavra pequenininha que não é um palavrão!

A sabedoria do netinho fez vovô sorrir. Como disse William Shakespeare: “Seja como for o que penses, creio que é melhor dizê-lo com boas palavras”.

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