PABLITO, O PALAVRÃO
*MMendes
Outro dia Pablito apareceu com um palavrão feio na boca.
- Pablito onde você aprendeu isso? Essa é uma palavra muito feia. Repreendeu vovô.
- Essa palavra é feia vovô?
- Sim, é muito feia.
Então Pablito tentou arrumar um jeito de falar a palavra sem reprovação…
- Vovô?
- O que foi Pablito?
- @#%* é mesmo uma palavra feia, né vovô?
Então vovô o interrompeu dizendo:
- Pablito! Essa palavra é tão feia que não pode pronunciá-la de jeito nenhum. Se quiser se referir a ela diga apenas “aquela palavra”, mas não diga seu nome! A criança ficou olhando vovô sem saber qual a razão daquela palavra ser tão feia. Afinal, ele nem sabia seu significado.
- E garela, posso falar garela?
- Sim Pablito, garela pode falar.
- Que garela… que garela… que garela. Disse o guri compulsivamente. Só por Deus!
As crianças são grandes manobreiras e inventoras de palavras. Reescrevem as leis da gramática fazendo suas próprias regras. Dão significado àquilo que não existe e podem dizer palavras que nunca foram ditas. Com suas palavras novas e inventadas desafiam nosso pensamento a cada dia. Arrumam e desarrumam palavras até que possamos lhes dar algum significado.
Pensando bem, as palavras são só representações simbólicas daquilo que expressamos em nosso ser. O que verdadeiramente fala em nós são nossas intenções, nossos pensamentos, nossas emoções, nossas ações. Um autor desconhecido já disse que todas as palavras são mentirosas, até que as atitudes provem o contrário.
Depois de um tempo vovô perguntou ao Pablito o que significava “garela”. Com a inocência própria das crianças ele respondeu:
- É apenas uma palavra bonita, uma palavra pequenininha que não é um palavrão!
A sabedoria do netinho fez vovô sorrir. Como disse William Shakespeare: “Seja como for o que penses, creio que é melhor dizê-lo com boas palavras”.
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