quarta-feira, 4 de maio de 2016

Pablito, a barba do meu avô

PABLITO, A BARBA DO MEU AVÔ
*Por MMendes


- Vovô, e essa barbinha aqui? Disse Pablito tocando a barbinha logo abaixo do lábio inferior do avô.

- E essa barbona aqui? Disse o netinho acariciando a barba do vovô com as mãozinhas. Em seguida, começou a beijar e beijar e beijar a barba do vovô. Depois abraçou-o e ficaram ali abraçados por algum tempo.

Há quem sustente que a barba disfarça os pontos fracos do rosto, faz o homem parecer forte, com um ar mais maduro, sofisticado e viril. Curiosamente a barba parece nos dar todos os anos que não iremos de fato conseguir em toda uma vida. A barba sempre foi símbolo de honra e sabedoria. Deuses, heróis e sábios da antiguidade são representados com barba.

Sem palavras, aquele abraço de Pablito dizia tudo isso. E mais, o abraço de Pablito parecia dizer: “Conserve Deus a vossa abençoada barba, para que cada fio de tua barba seja minha proteção, meu aconchego, minha alegria”.

Acho que a barba do vovô despertou memórias coletivas compartilhadas entre os dois. Dizem que as memórias coletivas são herdadas e compartilhadas a partir da relação com o outro. Então vovô lembrou-se de seu avô Aleixo, o trisavô do Pablito, que depois de escapar de um grave acidente de carro deixou a barba crescer. Enquanto Pablito abraçava o vovô, vovô também abraçava em espírito seu avô.

Naquele momento especial o coração de vovô declamou em oração um poema de Shakspeare: “A longa distância apenas serve para unir o nosso amor. A saudade serve para me dar a absoluta certeza de que ficaremos para sempre unidos”. Aquele gesto do neto abriu espaço para um especial momento de amor entre netos e avôs.

Obrigado meu netinho, por esse momento tão íntimo e especial. Obrigado por me fazer sentir no teu abraço, o abraço do meu querido avô.

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