sábado, 2 de abril de 2016

Pablito, o doce da vida



PABLITO, O DOCE DA VIDA


* MMendes
A porta do escritório abriu-se com toda fúria, dando passagem a uma pequena criatura que se escondeu debaixo da mesa com dois pirulitos na mão.

- Pablito! Agora o vovô não pode brincar, estou trabalhando.

- Eu tô escondido. Descobri onde a vovó esconde os pirulitos. Sussurrou o menino ofegante.

- Para de trabalhar e vem aqui comigo debaixo da mesa.

- Mas Pablito, o vovô tem que fazer esse trabalho aqui no computador. Não posso brincar agora.

- Mas vovô, eu trouxe dois pirulitos, uma para mim outro para você. Insistiu o guri.

Não teve jeito. Vovô salvou o texto no computador e correu para debaixo da mesa do escritório. É verdade que teve que ficar encolhido, mas isso foi a alegria do neto. E ficaram lá chupando pirulito por algum tempo, até que a vovó os descobriu.

- O que vocês estão fazendo ai embaixo da mesa? Inquiriu a vovó.

Os dois deram muita risada e a vovó não entendia nada, até que notou a língua vermelha do neto e viu os papeis de pirulito jogados no chão.

- Ah seus dois malandros, estão ai chupando pirulito, né?

Depois que a vovó se retirou, vovô e o neto continuaram ali dando gargalhadas por mais uns minutos.

Afinal, nem só de trabalho vive o homem, pois existe vida além! O trabalho é apenas uma pequena parte no mundo da vida. Se é pelo trabalho que produzimos o que consumimos, é no mundo da vida que produzimos a própria vida e todos os valores sociais, morais, espirituais e familiares com que organizamos e damos significado ao próprio trabalho. Trabalhar para que afinal, se não for para viver melhor?

Esse meu doce netinho e seus ensinamentos profundos com sotaque de criança. As vezes precisamos parar o trabalho para sentir o doce da vida. Como dizia Nietzche: “A vida mais doce é não pensar em nada”.

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