segunda-feira, 24 de abril de 2017

Pablito, quem roubou o meu amor?


PABLITO, quem roubou o meu amor?

*Por Marco Mendes

- Vovô, por que minha mãe chama meu pai de amor?

- É porque eles são namorados meu querido.

- Nada disso! Minha mãe é minha mãe e meu pai é meu pai.

- E eu e a vovó podemos ser namorados?

- Você e a vovó podem, mas a mamãe e o papai não. Regras são regras!

Fiquei matutando o que esse menino quis dizer com “regras são regras”. Afinal, que regra era essa que impedia a mamãe e o papai de namorarem? Foi ai que caiu a ficha. Pablito arrogava para si o direito de ser o único amor da mamãe. Essa era a sua regra. Por isso questionou o fato da mamãe estar infringindo sua regra chamando o papai de amor. Pablito estava vivenciando o famoso complexo de Édipo.

Segundo a psicanálise, pelo complexo de Édipo forma-se uma relação amorosa entre o menino e a mãe. Mas logo o menino descobre que sua mãe possui um outro amor, o pai. Essa descoberta funciona como uma castração. Faz o menino compreender que não é ele quem define todas as regras e que não pode fazer o que bem entende. A vida, a família e a sociedade impõem regras, limites e padrões que devemos respeitar. É a descoberta da lei. A criança percebe que seus pais não podem dedicar-se somente a ele porque estão inseridos num contexto sociocultural.

Pablito está crescendo e descobrindo que o mundo não gira a sua volta. Que há coisas permitidas outras proibidas e que a vida exige escolhas e muitas renúncias. Não podemos ter tudo que queremos e somos obrigados a eleger prioridades. Mas quem disse que isso é ruim? Como disse a escritora dramaturga Maria Clara Machado “aprendi que amadurecer dói, mas o fruto pode ser bom”.

Meu querido netinho, aqui vai um conselho: “O verdadeiro amor é deixa-la ir, para ver se ela volta” (do filme O lado bom da vida).

Nenhum comentário:

Postar um comentário