quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O despertar do sol




O DESPERTAR DO SOL
Autor: Marco Mendes

Há uma lenda que diz que o sol nasce para ver o galo cantar. Se o galo parar de cantar a noite se eternizará! Canta galo, fazendo o sol raiar, despertando a pradaria, bicharada, a alegria. Canta galo, despertando a novidade do amanhã e o porvir de cada dia. Canta galo! Que teu canto nos motiva, nos cativa e nos enche de alegria.
O galo chegou trazendo o sol no seu cantar. O sol nada mais que alimento faz o espírito despertar. O galo então festeja, fazendo parecer que é a vida quem cacareja, enquanto os raios de sol envolvem com carícia, montes e pradarias, terra águas e florestas, convidando ao despertar. E a alma da natureza em algazarra, gritaria, voa fazendo festa: - A poesia chegou! Corram acordar o poeta.

Na bagunça da vida eu me vi



NA BAGUNÇA DA VIDA EU ME VI

*Marco Mendes


Revirando as gavetas das memórias

encontrei tempos perdidos, rascunhos mal escritos,

coisas inacabadas.

Fui relendo de vagar, para não desarrumar a bagunça

da desordem que montei para justificar

o que não compreendi.

Nas linhas sobre as quais eu escrevi,

nem a caligrafia reconheci.

Agora vejo que, a cada palavra lançada sem maturidade,

me emaranhei nas tortuosas linhas,

fechei as portas, me tranquei, prendi.

Hoje releio a vida de óculos. A miopía? Corriji!

Do embaraço me soltei, libertei a minha alma

que ainda não voou para além do horizonte,

não porque eu impedi.

Mas, porque entendeu que havia algo por fazer,

consertos, reparos dos danos que cometi.

Me perdoe oh minh´alma!

Foi sem querer que nos arquivos das incompreensões,

sem justiça e sem razão, eu me escondi de ti.

Pantaneiro no Rio


PANTANEIRO NO RIO
*Marco Mendes

No mato, rios temos aos montes,
Sucuri, onça, vida de pantaneiro.
Pastagens, cerrado, muitas fontes.
Belezas mil brotando o ano inteiro.

Pensei conhecer a cidade do Rio,
mas, tenho calafrio só de pensar.
Moro aqui no coração do Brasil,
onde arrastão é traia de pescar.

No coração cultivo o amor pelo Rio,
tantas vezes ferido e abandonado,
tráfico, pobreza e cachorras no cio.
Mirando, não se pode ficar parado.

Ainda não conheço o Rio de Janeiro,
Mas quem sabe o desejo me ataque?
Trabalho e economizo o ano inteiro e
como uma cascavel pra fazer sotaque

Idas e Vindas


AS IDAS E VINDAS
*Marco Mendes

Quando saio de casa,
Sinto-me tanto estranho,
um pássaro sem asa,
ou ovelha sem rebanho.

Fico horas pensativo,
O silêncio a escutar.
Talvez menos altivo,
olhando o tempo passar.

Paixões ensandecidas,
violaram minha alma,
hoje refém passiva,
desse amor que me acalma.

A fúria foi-se embora,
posso agora perceber,
amarguras da aurora,
são paz no entardecer.

És uma flor, eu o terreno,
És o início, eu o fim.
és um riacho sereno,
que deságua sobre mim.

Tua água refrescante,
diminui o meu arder,
meu espírito conflitante,
aquieta-se ao te sorver.

Quieto sinto profundo,
que és muito em mim,
és uma parte do mundo,
perfumas o meu jardim.


Passos Perdidos



PASSOS PERDIDOS
*Marco Mendes

Meus dedos aguardam as teclas uma a uma.

Alguma coisa dentro de mim vem do funda da alma,

sugada pelas raízes da vida.

Não me encontro. Passo e repasso as fotos,

passo e repasso os passos e não me acho.

Tenho a forte impressão que não sou mais daqui.

Quando o carro me leva, só trabalho. Esqueço de viver.

Quando volto, dizem que não pertenço a esse lugar.

Se não pertenço a esse lugar, para onde irei então?

Preciso reconstruir a estrada, preciso de um despertar.

Preciso plantar raízes nalgum outro lugar,

antes que a vida se vá e esqueça de me levar.

Girassol




GIRASSOL

Poema dedicado ao meu pai


* Por Marco Mendes


Pai, desde a aurora de minha vida

sigo teu caminhar como um girassol. 

No teu zênite me roubaste a sobra, 

me desnudou perante os olhares da vida. 

Foi ai que aprendi a ser eu mesmo, 

sem medo dos olhares esguios.

Os anos marcam teu ciclo,

do amanhecer, pelo vespertino ao entardecer. 

Quando a noite chegar tu não te apagarás, 

mas, eu sim ficarei no escuro. 

Desesperadamente busco imitar tua beleza, 

para jamais esquecer-me de tua luz. 

Em minhas pétalas amarelas 

se vê tua coroa flamejante, 

envolvendo todo o disco solar. 

Absorvo teu calor e já tenho sementes. 

No dia em que eu me for, 

germinarão sobre a terra fértil

que crescerão a te admirar.