terça-feira, 30 de maio de 2017

Pablito, a quase invisível gratidão


PABLITO, a quase invisível gratidão.

*Por Marco Mendes

Sempre que Pablito vai à missa fica ansioso esperando o momento depois da comunhão, quando os acólitos distribuem pãezinhos às crianças. As crianças a princípio deveriam atender ao apelo de ficarem em fila, mas nem sempre isso acontece.

Pablito sempre obedece uma fila imaginária e fica esperando até que alguém lhe ofereça o pão.

O pãozinho tem um formato espiralado. De posse dele, repetindo uma brincadeira do vovô, o menino brinca e sorri colocando o dedinho por baixo como se o pãozinho fosse um caracol. Depois oferece um pedaço para o vovô e para a vovó.

No último domingo quem serviu os pãezinhos foi uma conhecida da mamãe de Pablito. Ela comentou que ele foi a única criança a dizer “obrigado” quando recebeu o pãozinho.

Atitudes quase invisíveis como o ato de agradecer é que dão formato a todas as coisas visíveis, pois o mundo é um reflexo daquilo que é invisível. Palavras e atitudes constroem pessoas e coletividades, que por sua vez dão vida à realidade que nos cerca.

O caráter de uma pessoa grata revela que ela é fiel e por isso nunca nos abandonará. Uma pessoa grata é uma pessoa em quem se pode confiar.

Atualmente agradecer é uma atitude quase em desuso, um valor à margem da nossa cultura moderna. Talvez porque o orgulho tenha sufocado também a humildade. A gratidão é o único tesouro dos humildes, que com gratidão pagam a todos que lhes servem. Como disse Charles Chaplin, nesse mundo conturbado e louco em que vivemos, necessitamos mais de humildade que de máquinas. Mais de bondade e ternura que de inteligência. Pois sem isso, a vida se torna violenta e tudo se perderá.

Pablito, embora pequenino, sabe que o pão é sagrado, porque é fruto de um conjunto de esforço daqueles preparam o solo, plantam, colhem, trabalham os grãos, assam a massa e o repartem para o bem de todos. Que a entrega de todo esse serviço se paga com o agradecimento.

Meu netinho ali na missa demonstrava uma quase invisível gratidão, invisível aos olhos apressados de muitos homens e mulheres que já não se lembram de ensinar os filhos a esperarem a vez e agradecer aquilo que recebem. Mas não passou desapercebida por uma mocinha, que com olhos ternos, viu numa fração de segundos, a eternidade da grandeza do valor da gratidão.

O Reino de Deus é assim pequenino como o sussurro tímido de agradecimento de uma criança, que cresce no coração da gente e nos enche de amor e esperança.

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