PABLITO, tudo com capricho
* MMendes
De posse de vários desenhos impressos em papel, Pablito pôs-se a pintá-los. Pegava as primeiras folhas, fazia apenas alguns rabiscos com os lápis de cor e passava para outro, até que a vovó chamou a atenção:
- Pablito, não é assim que se faz. Você deve pintar preenchendo todo o desenho antes de pegar outro, senão o vovô não vai imprimir mais.
Com amor e dedicação a vovó tomou um dos lápis e se pôs a ensinar o menino como deveria fazer. Logo o menino aprendeu e começou a pintar do jeito que a vovó ensinou. Era a visível a evolução dos trabalhos de Pablito, um melhor que o outro, mais preenchido, mais colorido, obedecendo cada vez mais os limites dos contornos.
Depois de colorir os desenhos Pablito fez uma exposição no chão do assoalho do escritório e foi chamar o vovô:
- Veja vovô, olha como eu pintei bonito. Esses primeiros estão um pouco feios, mas depois eu caprichei. É que eu sou caprichoso!
- Que beleza! Como você se esforçou e melhorou a pintura. Olha, só! Você é mesmo um menino caprichoso. Continue sempre assim.
Pablito vem se esforçando para não pintar fora do risco e pintar todos os branquinhos do papel.
- Vovô, olha que caprichoso! Diz ele mostrando o desenho.
- Aqui saiu um pouquinho para fora. Mas não tem problema, né? No próximo eu capricho mais!
Vovô sabe que o elogio ao talento pode nos encher de soberba e com isso paramos de avançar crendo que atingimos o topo. O elogio ao esforço nos leva cada vez mais longe, porque exige dedicação contínua. A virtude está toda no esforço, disse o escritor francês Anatole France. Podemos superar a falta de talento pelo esmero, mas não há talento que dê jeito no desleixo. Basta lembrar o desfecho da fábula da corrida da lebre e da tartaruga. A tartaruga venceu pelo esforço e a lebre perdeu pelo desleixo, mesmo tendo o talento.
Essa é uma lição antiga, muitas vezes desprezada: “Tudo quanto está ao teu alcance faze-o com esmero”, reza a antiga septuaginta.
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