segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

O fruto da cruz

O FRUTO DA CRUZ
*MMendes

Ombros condecorados

de fardos pesados

de sofrimento e dor.


Rosto maltratado,

mãos calejadas,

das pelejas da vida

sem me entregar.


Depois do desterro

um leve suspiro

um minuto de sorriso

pernas tremulas 

tentando firmar


Plantei minha cruz.

Não deu sombra.

Sou seu fruto,

que deixaram dependurado,

até que caísse passado,

e a terra viesse devorar.


Mas não vivi em vão.

Isso não!


Ainda que levasse nos ombros

aqueles que, 

embora tivessem pernas,

se recusavam andar,

eu cheguei perto de ser feliz

[ claudicante, é verdade ]

se é que a felicidade é um lugar de se estar


Com minhas próprias pernas

abri caminhos

que alguns puderam passar e chegar

onde eu nem em sonho chegaria

onde eu, filho de padeiro

nem me atrevi imaginar.

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