O FRUTO DA CRUZ
*MMendes
Ombros condecorados
de fardos pesados
de sofrimento e dor.
Rosto maltratado,
mãos calejadas,
das pelejas da vida
sem me entregar.
Depois do desterro
um leve suspiro
um minuto de sorriso
pernas tremulas
tentando firmar
Plantei minha cruz.
Não deu sombra.
Sou seu fruto,
que deixaram dependurado,
até que caísse passado,
e a terra viesse devorar.
Mas não vivi em vão.
Isso não!
Ainda que levasse nos ombros
aqueles que,
embora tivessem pernas,
se recusavam andar,
eu cheguei perto de ser feliz
[ claudicante, é verdade ]
se é que a felicidade é um lugar de se estar
Com minhas próprias pernas
abri caminhos
que alguns puderam passar e chegar
onde eu nem em sonho chegaria
onde eu, filho de padeiro
nem me atrevi imaginar.