sexta-feira, 12 de novembro de 2010

ELVIRA

ELVIRA
* Por MMendes

Esta poesia dedico à minha mãe, que está com Alzheimer


Vim ao mundo, esperava ser teu.
Cheguei na hora, te surpreendi.
Carecia de amor, não era do meu.
Naquela hora senti que te perdi.

Faltava-lhe do pai o grande amor,
um vazio que não pude preencher.
Ao contrário, causei grande pavor,
o destino me fez com ele parecer.

O tempo passou, a vida levou.
Tentei conquistá-la, não consegui.
Quase morreu, você definhou,
mas ficou perto, como sempre pedi.

Peguei tua mão, beijei tua face,
fitei teus olhos, você nem notou.
Te acalentei, num doce enlace,
Cantei prá você, sequer escutou.

É cedo! Disse eu. Você levantou.
silenciosa se foi, lábios carmim.
adeus meu amor, saudade ficou,
sepultou contigo, parte de mim.

sábado, 6 de novembro de 2010

JOSUÍTA

JOSUÍTA
*Por MMendes

Que tristeza sentimos Josuíta,
quando nos perdemos um do outro.
Não soltemos mais as mãos.
Agarrados resistimos, suplicamos,
unidos como corrente,
corrente de oração.

Tenho medo do escuro,
também temo a solidão.
Não me deixem aqui sozinho,
neste momento de aflição.
Quando um se vai, nasce a certeza,
de que todos, então, se vão.

GORJEIO LÍRICO

GORJEIO LÍRICO
*Por MMendes
A solidão não é tristeza, é ilusão,
ilusão de estarmos à só, sozinho.
A vida nunca é só, mas multidão,
inúmeras vidas num só caminho.

Canta como canarinho desperto,
na cumieira do telhado da casa,
fazendo brotar flores num deserto,
depois voa pelo céu, abrindo asas.

Voa passarinho para o céu infinito,
para muito além do sonho visível,
onde repousam a lenda e o mito,
de que ser feliz é muito possível.