domingo, 8 de março de 2015

Observando o tempo



OBSERVANDO O TEMPO
*MMendes

Olhava 
através da janela 
além do muro 
que separa 
o presente do futuro.
Via o mover-se da vida 
e os sonhos 
a embolarem-se como nuvens 
debaixo daqueles cachinhos.
Como ondas do mar 
o tempo 
quebrantava na praia, 
a transformar a criança 
num homem.

Os olhos dos infelizes


OS OLHOS DOS INFELIZES
*MMendes

   A menina sentia-se rejeitada, no caminho abandonada. Quem a rejeitou havia lhe presenteado com um óculos das lentes do desamor. Tudo o que via, as lentes apagavam as atitudes do amor. Cansada de caminhar sentou-se ao lado da tristeza. Lamentou sua vida e os sortilégios, até que por um milagre, retirou os óculos para suas lágrimas enxugar. Qual foi a surpresa da menina ao descobrir que, ao invés da tristeza, era a própria felicidade que estava ao seu lado a gargalhar.

domingo, 1 de março de 2015

O bem e o mal


O BEM E O MAL
*MMendes
Há males 
que vem 
para o bem. 
Mas 
isso só acontece 
quando 
podemos responder 
com bondade 
à maldade 
que nos é 
impingida. 
A bondade 
é capaz 
de reconhecer 
no estrume 
da vida 
o esterco 
com que 
se pode 
adubar 
as flores 
do jardim.

Regra de vida

REGRA DE VIDA
*MMendes
Nas dificuldades 
que a vida 
me apresenta, 
eu ainda 
me surpreendo 
comigo 
e descubro 
um pouco 
de mim 
a cada dia. 
Uso 
uma única 
regra na vida: 
venha 
o que vier, 
seja 
o que for 
vou resolver 
com amor.

Onde mora o futuro


ONDE MORA O FUTURO
*MMendes
A beleza 
era tamanha 
que seduziu 
meu olhar. 
Permaneci 
eternamente 
contemplativo 
no encontro 
do céu e mar, 
onde moram 
os sonhos, 
onde o futuro 
aguarda 
por despertar.

As cores do meu país

AS CORES DO MEU PAÍS
*MMendes
Primeira versão:

Por onde andei 
que de tanto andar 
me casei 
e não cheguei 
a nenhum lugar?
Para onde 
meus olhos 
olharam 
que só divagaram 
sem notar
a vida 
que se desenrolou? 
As cores 
do meu país 
mudaram 
o amarelo ensandeceu
o verde desbotou.

Segunda versão:

Por onde andei 
que de tanto andar 
me casei 
e não cheguei 
a nenhum lugar?
Para onde 
meus olhos 
olharam 
que só divagaram 
sem notar
a vida 
que se desenrolou? 
As cores 
do meu país 
mudaram 
o amarelo ensandeceu
o verde desbotou
o azul ficou fúnebre
a honestidade emudeceu.

O futuro já chegou

O FUTURO JÁ CHEGOU

*MMendes
Primeira versão:

A poesia do futuro já vive, 
como não a pressentem? 
Ela já se manifesta nas vocações juvenis, 
no gênio infantil, 
na semente que ai já está, 
mas ainda não amadureceu, 
nem caiu, 
nem flutua no ar, 
levada pelo vento a planar.
Chega tão serenamente,
brota mansamente, 
sem ninguém notar.
E nasce com ele o homem sereno, 
sem raça nem cor, 
o príncipe da paz, 
portador da vida, 
poeta do amor.

Segunda versao:

A poesia do futuro já vive,
como não a pressentem?
Ela já se manifesta
nas vocações juvenis,
no gênio infantil,
na semente que ai já está,
mas ainda não amadureceu,
nem caiu, nem flutua no ar,
embora o vento que a levará
já está a soprar.
Chega tão serenamente,
brota mansamente,
que ninguém pode notar.
E nasce com ele
o homem sereno,
sem raça nem cor,
o príncipe da paz,
portador da vida,

poeta do amor.